Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada “dois em um”: duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram, porém, que isso tinha nome: anulação. (Autor desconhecido)Arthur Clarke escreveu a maravilhosa obra de ficção científica, “2001– Uma Odisseia no Espaço”, que o cineasta Stanley Kubrick levou para as telas em 1968. Desde a "aurora do homem", — a pré-história — um misterioso monólito negro parecia emitir sinais de outra civilização interferindo no nosso planeta. Quatro milhões de anos depois, no século XXI, uma equipe de astronautas liderada por David Bowman e Frank Poole é enviada na nave Discovery a Júpiter para investigar o enigmático ente geológico. O computador HAL 9000, que controlava totalmente a nave, entra em pane no meio da viagem e tenta assumir o controle, por meio da eliminação de cada um dos tripulantes. Se o leitor observar no alfabeto, verá que as três letras subsequentes a “H”, “A” e “L” (HAL) são exatamente IBM. Bela sacada de Clarke! Na ocasião, a sigla era considerada “do mal”. Mas, para mostrar que poderia ser do bem, há a notícia de que o Google está organizando saberes por áreas, aglutinando todos os conteúdos encontrados na rede e depositando-os, provisoriamente, no chamado “Silo do conhecimento”[1] (knowledge vault). Está-se construindo o maior depósito (ou a maior biblioteca virtual) da história da humanidade sem a utilização de qualquer tipo de colaboração humana. Esse conhecimento acumulado já está se tornando a base de sistemas capazes de permitir que robôs e celulares inteligentes entendam os questionamentos das pessoas em linguagem natural. No futuro, a promessa é que o Google passe a responder perguntas como um oráculo, em vez de continuar a ser a ferramenta de busca textual de hoje. Como a questão é polêmica, enviamos aos nossos pares — educadores e dirigentes de instituições de ensino superior — a notícia veiculada pela internet “Google está construindo base de conhecimento universal”. Como resposta, a maioria afirmou que sempre haverá um ser humano estimulando e intervindo para que a informação seja aprendida de forma mais adequada. Outros, no entanto, enfatizaram, mais drasticamente, que o computador está prestes a sobrepujar a mente humana e que será o condutor das pessoas de agora em diante. Nossa época, que começa com o aparecimento das máquinas, passará. E o futuro? Chegar-se-á à época da singularidade, na qual homem e máquina se fundirão, permitindo que a inteligência e a criatividade humana ultrapassem os limites do cérebro? Em entrevista concedida a HSM Management (veja aqui), o futurista Ray Kurzweil afirma que, por volta de 2045, o grosso das tarefas laborais será realizado por máquinas e que as pessoas passarão a maior parte do tempo de trabalho aprendendo e criando. “A capacidade das máquinas de armazenar e processar dados, segundo determinados padrões, é muito maior do que a dos homens e muito menos suscetível a erros. Não há por que competir com isso”, pondera o futurista, para quem a revolução tecnológica ocorrerá com um desenvolvimento progressivo. E o mais importante é fazer com que a máquina trabalhe em benefício dos humanos e não contra eles. O futurista recorda que, no início, eram as primeiras estruturas atômicas. Um código nuclear organiza e mantém a matéria e a energia. Mais tarde, forma-se o DNA, onde as informações genéticas são organizadas e replicadas; o código genético organiza e mantém o DNA. Surge, então, o cérebro, organizado e mantido pelo código neural, e o modelo mental passa a moldar o mundo. Tudo isso aconteceu, segundo Kurzweil, na história da vida no planeta até chegarmos à época atual. Em fevereiro de 2010, a Business Week já mostrava incômodo com o “Silo do conhecimento”, tangenciando até mesmo a possibilidade de um fim, porque eles amedrontavam posições, funções e empregabilidade. Então, os “silos” eram vistos como nocivos à inovação e ao fluxo de conhecimentos dentro das organizações, pois havia corporações cujos funcionários resistiam à ideia de compartilhá-los com os demais, temendo se tornarem dispensáveis. Esta conhecida e velha trava — a áurea zona de conforto — faz lembrar o ditado de que os cemitérios estão repletos de gente que se achava insubstituível... Se não há contrapontos, por certo há aderências, considerando que as organizações implantam severas políticas de gestão do conhecimento e que, cada vez mais, os gestores são reconhecidos como o ativo mais importante na atualidade. Como entramos na era da economia do conhecimento, o que as organizações sabem está se tornando mais importante do que as tradicionais fontes do poder econômico — capital, meios de produção e trabalho. E aqui, para efeito de reflexão, gostaríamos de adotar a máxima de que conhecimento é a transformação da informação em capacidade de ação efetiva. Tal como dissemos, o “Silo do conhecimento” captura autonomamente da web os fatos que envolvem o mundo, as pessoas e os objetos, reunindo-os em uma única base de dados. Mas, isso não é tudo. Além do Google, outras empresas como a Microsoft, Facebook, Amazon e IBM estão construindo as suas próprias bases de conhecimento e trabalham com a ideia de converter a web em um gigantesco banco de dados. Até onde se tem notícia, o “Silo” já capturou 1,6 bilhão de fatos até o momento. Destes, 271 milhões foram classificados como confiáveis, ou seja, há uma chance acima de 90% de que sejam verdadeiros. Diante dos fatos e da contradição das opiniões, restam questões, muitas. Como epílogo, reportamo-nos à pergunta com a qual o professor e cientista político Diamantino Balthazar finalizou a sua conferência sobre o tema em questão: “Será que o computador terá sensibilidade para criar espaços, cujas fotos mostraremos a seguir?” A discussão foi encerrada e todos nós ficamos de bocas caladas... Quem viver, verá! 1 – Parque da Juventude [caption id="attachment_8598" align="aligncenter" width="300"] Um belo exemplo de ressignificação de um lugar. Onde antes ficava o presídio do Carandiru, hoje existe um parque com biblioteca, museu, escola e área arborizada. http://www.selt.sp.gov.br/parquedajuventude/index.html[/caption] 2 – Ponto de Contato [caption id="attachment_8599" align="aligncenter" width="300"] A tendência do home office anda lado a lado com o surgimento dos escritórios de coworking. E o Ponto de Contato está entre os pioneiros desse ramo em São Paulo. http://www.ptodecontato.com.br/[/caption] 3 – Com o lema “menos carros e mais pedestres”, Paris remodela margens do rio Sena com jardim flutuante [caption id="attachment_8595" align="aligncenter" width="300"] Uma via expressa foi fechada para a circulação de veículos motorizados no centro de Paris e agora o espaço entre o Pont de l’Alma e o Musée d’Orsay (cerca de 2,5km nas margens do rio Sena) é totalmente voltado ao lazer, ao esporte e à cultura. Com vários espaços e ambientes diferentes, como jardins flutuantes, bares, jogos para crianças, terraços e aulas de ginástica. http://www.dailymotion.com/video/x1121t9_balade-sur-les-nouvelles-berges-de-seine_news[/caption] 4 – Arte e Inovação: Garrafas de plástico são usadas para mostrar a quantidade de lixo produzida em uma hora em NY [caption id="attachment_8592" align="aligncenter" width="300"] Uma obra de arte chamou a atenção dos visitantes da Ilha do Governador, em Nova York, no último verão. No meio do gramado, eis que surge uma nuvem gigante, feita de milhares de garrafas plásticas. Esta é a instalação itinerante “Cabeça nas nuvens“, do designer Jason Klimoski. http://www.studiokca.com/index.php[/caption] 5 –Cloud Mountain, Cingapura [caption id="attachment_8600" align="aligncenter" width="300"] Conservatório climatizado localizado no Gardens by the bay, um jardim botânico futurista que se estende por 101 hectares numa área que no passado já foi mar, mas que foi aterrada. Repleta de orquídeas, a montanha ainda tem uma cachoeira na parte traseira. http://www.gardensbythebay.com.sg/en/home.html[/caption] 6 – High Line [caption id="attachment_8593" align="aligncenter" width="300"] O High Line é um parque público suspenso localizado na cidade de Nova Iorque, construído sobre uma linha de trem. http://www.thehighline.org/[/caption] 7 - Movimento 90° [caption id="attachment_8596" align="aligncenter" width="300"] Em São Paulo, o Movimento 90º é o principal impulsionador deste tipo de espaços. O grupo tem espalhado jardins por diversos cantos da cidade, como contribuição para a melhoria de vida dos habitantes. https://www.facebook.com/movimento90[/caption] 8 – Energia e sustentabilidade [caption id="attachment_8591" align="aligncenter" width="300"] Das formas de obtenção de energia elétrica, com certeza a energia solar está entre a mais limpa, segura e abundante que conhecemos. Sabendo desse potencial, um vilarejo em Friburgo, na Alemanha, passou a produzir quatro vezes mais energia do que consome. http://www.hypeness.com.br/2014/07/bairro-solar-na-alemanha-produz-quatro-vezes-mais-energia-do-que-consome/[/caption] 9 – Inovação e sustentabilidade [caption id="attachment_8594" align="aligncenter" width="300"] O estudante Jeremy Nussbaumer criou a garrafa que filtra água e promete evitar o desperdício para melhorar a vida de comunidades carentes. http://www.drinkpure-waterfilter.com/[/caption] 10 – NLÉ Arquitetura e Design [caption id="attachment_8597" align="aligncenter" width="300"] Para lidar com o problema de constantes inundações na região de Makoko, na Nigéria, o arquiteto Kunie Adeyemi, da NLE, projetou escolas sustentáveis e flutuantes que podem abrigar até 100 crianças cada uma e que funcionam independentemente de fenômenos naturais. http://www.nleworks.com/[/caption] [1] O Silo do Conhecimento é um sistema que armazena informações para que máquinas e pessoas podem lê-las. Enquanto uma base de dados costuma ser boa para lidar com números, uma base de conhecimento lida com fatos.